Fernando Lopes
Depois de despencar em abril, o Índice de Produção Agroindustrial Brasileira (PIMAgro) calculado pelo Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV Agro) deu sinais de modesta reação em maio, embora tenha voltado a registrar queda de dois dígitos em relação ao mesmo mês do ano passado.
Conforme cálculos recém-concluídos, o indicador subiu 3,8% em relação a abril, mas na comparação com maio de 2019 a retração ainda foi de 11,8%. Com isso, de janeiro a há 53 minutos Agronegócios maio a baixa ante o mesmo intervalo do ano passado chegou a 6,9%.
O PIMAgro é baseado em dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE e nas variações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), da taxa de câmbio e do Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Transformação (ICI) da FGV.
“Embora a contratação de maio [em relação a maio de 2019] tenha sido expressiva, foi menor do que a verificada no mês anterior (16,8%), o que sugere que o mês de abril concentrou os mais duros efeitos da pandemia sobre a agroindústria brasileira”, diz análise do FGV Agro.
Segundo os dados compilados pelo centro, o recuo de maio foi determinado por retrações de 23,9% no segmento de produtos não alimentícios e de 0,6% na área de alimentos e bebidas.
A baixa no primeiro grupo voltou a ser puxada pela fraqueza da produção têxtil, que caiu 55,3% na comparação anual, seguida pelas debilidades das agroindústrias de borracha (queda de 42,4%), de produtos florestais (11%) e de biocombustíveis (9,5%).
Houve altas de 1% tanto no segmento de insumos quanto no de fumo, que em abril também tiveram muitos problemas.
Conforme o FGV Agro, a produção de alimentos cresceu 2,9%, graças a um novo avanço, desta vez de 16,5%, na área de produtos de origem vegetal. No caso de produtos de origem animal, foi registrada nova baixa, de 9,8%. A produção de bebidas, por sua vez, continuou desidratada em maio – a de bebidas alcoólicas recuou 8,3% ante o mesmo mês de 2019, enquanto a de bebidas não alcoólicas diminuiu 26,3%.
“Embora a contração acumulada pela agroindústria em 2020 seja expressiva (6,9%), é bem menos intensa que a queda da indústria geral (11,2%) e da indústria de transformação (12,3%). Isso ocorre também na comparação interanual. E se deve, sobretudo, à maior essencialidade dos produtos da agroindústria (principalmente produtos alimentícios) em comparação aos demais tipos de bens industriais”, diz a FGV Agro.

10/07/20 – Valor Econômico